quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Professora cria método para ensinar desenho geométrico para cegos

05:00

Professora Ana Maria Miranda Peixoto, que dá aulas no Colégio Pedro II, fala do orgulho de contribuir para a inclusão dos jovens com deficiência


Professora Ana Maria e os alunos com deficiência visual
(Foto: Divulgação/Alessandra de Paula)
 Há seis anos, quando começou a dar aulas de desenho geométrico no Colégio Pedro II, a professora Ana Maria Miranda Peixoto se deparou com um desafio: como ensinar a matéria para o aluno cego que assistia às aulas? Diferente de outros educadores, que às vezes dispensam estudantes com deficiência, Ana criou um método para que o jovem aprendesse. O projeto deu tão certo que hoje ela coordena o Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas e sente-se orgulhosa de ver o progresso dos alunos.

“Alguns professores não acreditam que os jovens cegos podem aprender ou não estão preparados para lidar com eles. Não há a menor diferença cognitiva entre os jovens que enxergam e os que não enxergam. Em relação ao raciocínio e memória, eles são até melhores, porque exercitam mais o cérebro. Atualmente temos 19 estudantes com deficiência, sendo 17 cegos, um autista e outro aluno com várias síndromes que provocam deficiência intelectual”, conta a professora.

Régua e compasso não são problemas para os alunos cegos do Colégio Pedro II
(Foto: Divulgação/Alessandra de Paula)

Na sala de recursos da Unidade São Cristóvão, onde a professora dá aula atualmente, os alunos com deficiência encontram materiais de apoio como impressores em braile, regletes (placas de metal que permitem escrever pontos em relevo), e o soroban, um instrumento milenar que auxilia no registro de cálculos matemáticos. “Nos vestibulares e no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não aceitam o uso do soroban, achando que é uma máquina de calcular, e os alunos cegos acabam prejudicados. Na verdade, ele é só um ábaco, que  ajuda a registrar os números”, explica.

Ana, que aprendeu braile por causa dos alunos, sente orgulho de ter contribuído para mudar a vida dos jovens. “O primeiro aluno para quem dei aula, hoje está na faculdade de Direito da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e a maior pontuação dele no Enem foi em geometria. Tem gente que saiu para fazer licenciatura, matemática, computação... Alunos atletas que ganharam medalhas em paraolimpíadas... Nós nos sentimos muito orgulhosos de participar do sucesso deles”, completa.

Fonte: Globo Educação


0 comentários:

Postar um comentário

Publicidade

 

© 2013 Cidade Acessível. Traduzido Por: Template Para Blog - Designed by Templateism

Back To Top